quarta-feira, 12 de junho de 2013

Devemos escutar o chamado dos jovens da Avenida Paulista?


Por: Marcelo Tas

Não sou a favor do vandalismo. Nem da demonização da Polícia Militar. Sou a favor de algo delicado demais para esses tempos ruidosos: dos sonhos.

O que vejo nas manifestações em São Paulo não é simplesmente uma revolta por 20 centavos a mais no preço da passagem dos ônibus, como muitos tentam vender os fatos. Assim como não vejo em Istambul uma revolta pela construção de um shopping numa pracinha no centro da cidade. Já comentei sobre a praça Taksim aqui no blog.


O que vejo em São Paulo, assim como em Istambul e na manifestação dos indígenas Munduruku na Praça dos Três Poderes em Brasília, é a ocupação do espaço urbano como forma de expressar um recado claro: o poder público não nos ouve, não nos representa e estamos cheio disso. Afinal, a praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião, como diz a canção. Ou não? Também vejo, e quero muito acreditar nisso, que não há uma tendência partidária nas manifestações. Afinal, em São Paulo, o prefeito petista está alinhado com o governador tucano na mesma posição. Condenam a manifestação como “atos de vandalismo” sem nunca antes terem recebido, a não ser nas cenas de populismo explícito habituais, os manifestantes para um diálogo.

O sociólogo Manuel Castells, com quem estive ontem na conferência “Fronteiras do Pensamento”, disse em nosso debate que o que une os manifestantes, tanto em São Paulo como em Istambul ou na Espanha, é a emoção de estarem juntos. O site dos manifestantes em São Paulo curiosamente tem esse nome: juntos.org.br.

Mesmo correndo risco de cair nas armadilhas das manipulações políticas, que aliás fazem parte do jogo democrático, eu continuo querendo ouvir com atenção o chamado, a emoção e os sonhos dos jovens. Tenho certeza que, mesmo que eles não saibam, a intenção deles não é “vencer a luta das tarifas” como dizem lá no site, mas de exigir dignidade e mudança de consciência. Como cidadão não me sinto representado na atual cena política brasileira. Em nível algum: municipal, estadual ou federal. Aí sim, nesta luta, estamos juntos!

Fonte: Blog do Tas - fotos: Lost Art

Um comentário:

  1. Interessantíssimo. Eu publiquei ontem (11/06) um artigo mostrando a real situação dos manifestantes. Por causa de um pequeno grupo de vândalos infiltrados, todos pagaram o pato, e a polícia escolhei para reprimir os que andavam pacificamente. A situação definitivamente não é como a mídia noticia.
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    Djoni Filho Debate
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