domingo, 13 de maio de 2012

MÃE.


Por: Wander Levy

Como parte das pessoas que me conhece acha que sou um cara frio, nem um pouco sensível, vou aproveitar esta data comercial para falar um pouco sobre mães. Tive uma bem bacana, mais ou menos como eu, pouco disponível para trocas afetivas, mas totalmente envolvida com a formação do filho. Minha mãe nunca fez o papel de mãe normal, nada de festinhas de aniversário ou presentinho de Natal, inclusive porque nasci perto do Natal e isto é um problema . Mas, era uma pessoa totalmente atenta a mim. 

Eu fumava escondido, como todos os garotos da época, e ela me flagrou com um cigarro na não após um desfile de Sete de Setembro (sim, também fui um babaca que tocava na fanfarra e desfilava todo orgulhoso na data pátria). Quando a vi, imediatamente deixei o cigarro cair no chão e pensei que estava tudo bem. Quando cheguei em casa, horas depois, encontrei sobre a minha cama um maço de cigarros da mesma marca que eu fumava escondido. Sem nenhuma palavra, ela sinalizou o óbvio: eu era fumante, ela sabia e estava tudo bem. Sei que hoje isto parece totalmente incorreto politicamente, mas continuo acreditando que o politicamente incorreto é uma grande babaquice que alguém inventou e as pessoas compraram sem olhar o conteúdo. Minha mãe era uma pessoa simples, maltratada pela vida, mas nem um pouco revoltada pelos percalços. 
Ela gostava de Chico Alves, boleros e só tinha um objetivo na vida: fazer com que eu fosse uma pessoa estruturada. E conseguiu, com algum talento que eu tinha e ela tinha detectado em sua simplicidade. Digo isto porque era muito fácil se perder naquela época, fazer um concurso público, casar com a filha da vizinha e ter uma vida gorda e infeliz. Ela brigou com a parentada toda que queria me ver trabalhando cedo para ajudar nas despesas dizendo que eu era um garoto diferente, que eu era inteligente e não tinha nascido para trilhar aquele caminho normal. São coisas que lembro e que fizeram toda a diferença e me levaram a ser o que sou. 
Escrevo sobre isto hoje porque, além da questão nostálgica, pode ser que sirva para alguma mãe entender que basta atentar para o filho que tem para ser uma mãe bacana. E isto é tudo que um filho precisa.

Nota do editor:

Tive o excelente prazer de conhecer de perto e trabalhar com, Wander Levy. Tenho orgulho desse período da minha vida profissional, principalmente por poder estar perto de um ser humano tão especial.


O blog “Os Güelos" agradece a oportunidade de poder postar o texto “MÃE” do Wander Levy.

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