Por: Wander Levy

Eu
fumava escondido, como todos os garotos da época, e ela me flagrou com um
cigarro na não após um desfile de Sete de Setembro (sim, também fui um babaca
que tocava na fanfarra e desfilava todo orgulhoso na data pátria). Quando a vi,
imediatamente deixei o cigarro cair no chão e pensei que estava tudo bem.
Quando cheguei em casa, horas depois, encontrei sobre a minha cama um maço de
cigarros da mesma marca que eu fumava escondido. Sem nenhuma palavra, ela
sinalizou o óbvio: eu era fumante, ela sabia e estava tudo bem. Sei que hoje
isto parece totalmente incorreto politicamente, mas continuo acreditando que o
politicamente incorreto é uma grande babaquice que alguém inventou e as pessoas
compraram sem olhar o conteúdo. Minha mãe era uma pessoa simples, maltratada
pela vida, mas nem um pouco revoltada pelos percalços.
Ela gostava de Chico
Alves, boleros e só tinha um objetivo na vida: fazer com que eu fosse uma
pessoa estruturada. E conseguiu, com algum talento que eu tinha e ela tinha
detectado em sua simplicidade. Digo isto porque era muito fácil se perder
naquela época, fazer um concurso público, casar com a filha da vizinha e ter
uma vida gorda e infeliz. Ela brigou com a parentada toda que queria me ver
trabalhando cedo para ajudar nas despesas dizendo que eu era um garoto
diferente, que eu era inteligente e não tinha nascido para trilhar aquele
caminho normal. São coisas que lembro e que fizeram toda a diferença e me
levaram a ser o que sou.
Escrevo sobre isto hoje porque, além da questão
nostálgica, pode ser que sirva para alguma mãe entender que basta atentar para
o filho que tem para ser uma mãe bacana. E isto é tudo que um filho precisa.
Nota do editor:
Nota do editor:
Tive o excelente prazer de
conhecer de perto e trabalhar com, Wander Levy. Tenho orgulho desse período da
minha vida profissional, principalmente por poder estar perto de um ser humano tão
especial.
O blog “Os Güelos" agradece
a oportunidade de poder postar o texto “MÃE” do Wander Levy.
Vi minha mãe na mãe do Wander. Valeu.
ResponderExcluirIvan Caires