OS JAPONESES DE CADA ESQUINA.

Por: Wander Levy

Li agorinha um texto de um amigo, o Duto, sobre os prazeres e desprazeres da comida. Para começar, o Duto é um cara bem grande apaixonado por comida. Dividimos uma casa outrora em São Paulo e sei bem do que estou falando. Bom, mas isto que pretendo falar não é sobre ele, mas sobre sua posição que ele acaba de tomar em relação aos japoneses que infestaram todas as cidades brasileiras. O Duto declarou que fechou sua boca para a comida japonesa por três motivos básicos: a banalização, a roubalheira e, claro, a ausência de sabor. 

Concordo totalmente com ele. Só na Lagoa, aqui em Floripa, deve ter mais de 10 japoneses, quase todos medianos para baixo. Qualquer neguinho que pretende abrir uma birosca, não abre mais uma birosca, abre um japonês. Qualquer migrante nordestino tem talento para cortar as tirinhas de peixe, enrolar ou não em arroz, não colocar nenhum tempero e te servir com um molho de soja preto e ruim. Por esta iguaria é cobrado uma grana tão preta quanto o molho. Se fizer a conta vai chegar no segundo quesito do meu amigo: a roubalheira. Digamos que o preço do quilo do atum esteja ai pelos 40 reais, exagerando. Quatro tirinhas não pesam 50 gramas. Então, ainda exagerando, vamos colocar 2 reais de peixe. Se tiver arroz, sim o arroz é especial e deve estar valendo ai por volta de 8 reais o quilo. 4 montinhos de arroz não devem pesar 40 gramas. Vamos, para facilitar a conta, por de arroz uns 50 centavos. 

Aí tem o gengibre, umas fatiazinhas curtida no vinagre que fica ai por uns 10 centavos. Mais aquela coisa verde picante, isto custa caro, mais ou menos uns 10 reais o litro, que um exagerado vai usar uma colherzinha no valor de uns 30 centavos. Ou seja: de matéria prima estamos com 2 reais e 90. Quanto cobram? De 20 reais a 110 reais em um afamado sushi bar em SP. Agora se você pensar que o peixe tem gosto de peixe, o arroz tem gosto de arroz, o gengibre gosto de gengibre, o molho de soja um gosto estranho e a pasta verde é ardida, o que temos: sabor de peixe cru com arroz cozido temperado ao gengibre e ao molho preto com ardido do treco verde. Como a parte da gastronomia japonesa que eu gosto é o sakê, no meu caso esta conta fica muito mais temperada. Por isso, acho que também vou dar um tempo nos orientais e iniciar uma campanha de boicote para, pelo menos, os preços caírem já que o resto não tem jeito.