domingo, 22 de janeiro de 2012

"Suba a b-o-r-d-o!, cazzo"



Foto: AP - Comandante Gregório De Falco
"E quer voltar para sua casa, Schettino?", perguntou De Falco irritado e levantando a voz. "Está escuro e quer voltar para sua casa? Pegue o bote, vá até a proa do navio e diga-me o que se pode fazer, quantas pessoas estão lá e o que precisam. Está claro?". "Suba a b-o-r-d-o!, cazzo", ordenou com voz firme, indignada, uma frase que ressoou nas casas italianas.


Parabéns! Comandante De Falco. É bom saber que ainda existem pessoas assim, nem tudo está perdido.



O diálogo, que foi reproduzido por todos os meios de comunicação durante a terça, não deixou os italianos indiferentes, e as redes sociais estão cheias nesta quarta-feira com o nome do herói que rejeitou o rótulo. "Não sou um herói ou um homem de ferro. Eu e minha equipe estávamos apenas cumprindo nosso dever", disse, segundo o jornal Il Tirreno. 
Na noite da sexta-feira, De Falco chorou de raiva quando ficou claro que no interior do navio haviam ficado presos homens, mulheres, portadores de deficiência física e talvez algumas crianças, 300 pessoas que foram abandonadas a bordo por Schettino, segundo a acusação.
Chorou de raiva, segundo contaram seus subordinados aos meios de comunicação, ao pensar no caráter "desumano" do capitão. No entanto, De Falco pediu aos jornalistas que se esqueçam dele. Sua missão é e foi a de "socorrer".
Por outro lado, o comandante considera que o verdadeiro herói é seu subcomandante, Alessandro Tosi, que às 22h07 local lhe disse: "Comandante, aquele cruzeiro está indo devagar demais, 6 nós (menos de 2 km/h). O que faz a 6 nós em uma rota invertida? Há um problema."
De Livorno ligaram para a ponte de comando do Costa Concordia para esclarecer as razões da lenta navegação da embarcação: "É só um problema técnico", respondeu o capitão.
Já na conversa da madrugada, o comandante De Falco, segundo explicou, percebeu pela voz que Schettino mentia e escutou os gritos distantes das pessoas que pediam socorro. "Abandonar é mais do que desertar, é trair o Código Marítimo", disse De Falco.
"Não abandonei o navio, caí em um barco de salvamento", argumentou Schettino, acrescentando que "tentou salvar todos". "Nem sequer coloquei o colete salva-vidas para ceder para um dos passageiros", alegou.
O capitão do navio, natural de Meta di Sorrento, e De Falco, nascido em Nápoles, são marinheiros da região da Campânia, ao sul da Itália.
"Para nós é a ofensa mais dura porque há tantos marinheiros campanos que são como De Falco dos quais ninguém fala, tantos marinheiros valentes que não se comportam como o comandante Schettino e não merecem esse rótulo", disse Raffaella, esposa do comandante "herói" ao jornal Corriere della Sera.

Fonte: EFE - ig.com.br

2 comentários:

  1. É uma pena que comportamentos como esse só vêm à tona após uma tragédia.

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  2. Emocionante a atitude de De Falco diante da covardia de Schettino. A propósito, vc se equivocou ao avaliar a velocidade de 6 nós como menos de 2km/hora. Na verdade, um nó (knot) equivale a uma milha náutica (1852m) por hora. Faça as contas.
    Abraço!

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